quinta-feira, junho 30, 2005

Alergia no trabalho...

Ulula! Pula! Ufa! Ufana!
Porque aí vem o final da semana.


olhos de ver

Progressive german for absolute beginners!

Ich bin ein berlineren ball!!

Einen wundershönen tag… (jaaaa....)

Ich will ein bier, bitte.

Wir haben wunderbares wetter !

Wo ist das museum?

Ich mangle konzentration…

Ich bedecke mein gesicht, wenn du nah bist!!

Du haben mein auge gefangen.

So ein groß Lächeln!

Kommen du näher.

quarta-feira, junho 29, 2005



olhos de ver

Ida à praia

Enquanto secam as salinas quentes nos umbigos veraneantes
eu dou três passadas fortes contra o mar
Estaco como quando era criança
em pegas imaginárias das constantes investidas que ele faz
À sétima é tempo de avançar
rezam os físicos
Uma questão de absorção de energia, explicaram uma vez
Sigo na corrente
Deixo-me bolinar
Sou sargaço
Sou pouco mais complexa que um organismo assim
e filtro e como o dia
Até reverdescer
E sigo na rota que ninguém traçou
que não me destinei
E destino não há
Só há um mar cada vez mais forraginoso
em que cresço como o prado
a espraiar-me cada vez mais longe
Até cercar continentes
Até que os coma também
E os veraneantes acordam finalmente das suas toalhas suadas
temendo o maremoto verde
Eu vou deglutindo tudo à minha volta
numa voragem de alga gulosa
Trago areia, e tossiquenta
bebo dos baldes das crianças
Trago esteiras e chapéus-de-sol
peixe, pescador e anzol
Trago os meninos das fraldas
trago as meninas dos olhos
postos nas senhoras em top-less
que também como
Como os olhos que comem
biquinis e bronzeados
Trago o senhor dos gelados
que me pára a digestão
Sorvo das conquilhas, lapas e navalheiras
Além derrubo esplanadas
toldos, clientes, cadeiras
Vou ganhando o mar à terra
O meu apetite verde
não pára para dar passagem
varre estradas e ruelas
come os carros das garagens
E é quando me uno comigo
com braços de mar e línguas de terra
num abraço canibal
sobre todo o planisfério
que evito a autofagia
com um arroto verde
saciado.

terça-feira, junho 28, 2005



olhos de ver

Da encarnação animal do coração…

… ou de como este não é afinal um cão vadio a fuçar caixotes e a beber libérrimo das sarjetas, como supunha, mas antes uma besta de carga, ou quanto muito uma jaleca piegas. O’Neill escreveu-o (mais abaixo) quando eu tinha ainda apenas dois anos de idade. E há que dar-lhe razão! Por uma questão de senso, talvez, e não pela eventual autoridade sobre as coisas do coração que possa ser atribuída ao poeta…
Não digo pelas palas que cobrem os olhos da besta. Já seria motivo mais que suficiente. Tem antes que ver com as estacadas teimosas… que duram, enquanto duram, e ninguém percebe porquê… até que um dia toma o trote alucinado que a leva a outras paragens.
Ninguém entende. Ele há cenouras, e ele há paus. Mas, são só manobras habilidosas de quem não sabe de outro modo melhor lidar melhor com as manias estuporadas do coração…
Também há segredos que se contam e palavras mágicas. Sucede com a mula apaixonada e suicida que Emir Kusturica coloca sobre os carris na hora de salvar os protagonistas de A Vida é um Milagre para que o filme faça jus ao intitulado. Só por milagre é que coração salva vidas, e mau grado a sua teimosia cega.


olhos de ver

segunda-feira, junho 27, 2005

O'Neill Take-away

Amôre
O amôre, graça de mau gosto,
muitas vezes na boca, sempre no sentimento,
veio, trota trotando, ter comigo.
Trazia a língua de fora, tropeçava nela,
fazia-se cansado, era apenas piegas.
Porque volta a bestiúncula
a rondar-me o terreiro?
É camaradagem
ou aragem da cama?
Desapossados é que estamos livres para caminhar.
Alexandre O'Neill, O Amôre
( Arre amôre, arre... antes que me dês um coiçe!)

sexta-feira, junho 24, 2005



olhos de ver

quarta-feira, junho 22, 2005

Técnicas de interrogatório para quebrar corações

Inquirir com arte macabra
e requintes de malvadez
o penoso, o sussurrante,

com frieza bastante
Até ao ACV, quebrar-lhe a mudez
Oprimi-lo contra as espáduas até que se abra

Arrítmico e em transe
há-de bombear tudo o que não sabe,
inventar um pouco até, talvez
- O músculo não é boa rês
e enquanto abre e não abre,
deixar que o interrogador se canse

«Coração, onde foi que o viste pela última vez?»
Não se lembra, não lhe ocorre,
bate e rebate, sem alguma vez ceder
«Coração, coração, que tens andado a fazer?»
Casa-trabalho-casa, a vida num corre-corre
Tem sido assim todo o mês

«Ai coração, coração, não tens nada que te aperte,
suores frios de quando em vez?»
Gelado, sem ponta de sangue,
quedo, seco e exangue
tartamudeia: talvez…
- O coração tem um frete!

Leva e traz toda a semana
suspiros, ansiedade, medo
Trafica, esconde e conspira,
às vezes num vira e revira,
outras tranquilo e ledo
- e desfia a sua trama

Tem encantos, tem calores
quando ouve a palavra mansa
conta passos, intercepta olhar
E é vê-lo, em pressas, alegre por confessar
que pula, que gira, que dança,
que são assim os amores!


domingo, junho 19, 2005



olhos de ver

Dance Hall

«O melhor enxoval que um rapaz pode ter é saber dançar», dito de passagem, cogitando cá para mim esta noite se R. tem o swing ...

sábado, junho 18, 2005



olhos de ver

Roda boa!

Quem não gosta das conversas amenas e inconsequentes entre amigos? Trocamos minis de oferta camarada, graçolas e novidades.
O sorriso sai sempre pronto, aberto, vulnerável. Traçamos projectos comuns.
Há um ambiente bom em redor. Aqui há carinho. Por quem conhecemos desde sempre e sempre, independentemente das surpresas que nos traga.
Tragamos até ao fundinho das garrafas - há que beber pelo gargalo -, insistimos sempre em pagar e, no final, o passo camarada não nos deixa seguir sós o caminho de casa.
São poucas, mas há neste mundo a perder de vista uma mão cheia de pessoas que considero minhas... A presença delas é como a água, de beber. No pasa nada, não agride. Só mata a sede.

sexta-feira, junho 17, 2005



olhos de ver

Cão Coração

Tenho saudades de um bom beijo! De conversas de horas inconsequentes, de dar folga ao coração e deixar-lhe a trela solta para que se aventure um poucoxinho mais longe do meu trajecto quotidiano, para que siga a farejar as palavras doces de alguém.
Que chegue tarde a casa só para lamber o prato de forma displiciente, sem fome e sem vontade de comer, depois de fuçar todos os caixotes da rua, de receber de um estranho um bom resto de carinho, de conversa.
Que só queira dormir e me cumprimente de fugida para aninhar-se a sonhar com o dia que passou.
De preferência, que não me ligue nenhuma se eu vier a ralhar «mau, coração mau. Não tornas a fugir!». Vou antes ignorar que podia ter sido atropelado - desorientado como é -, e passar-lhe a mão pelo pêlo: «Lindo menino, amanhã torna a fugir»...

quarta-feira, junho 15, 2005


olhos de ver

Texto sem cerco

Um passo em cada é falso
E atira-nos para a revisão dos ditos
Caídos em desditos
Renegados, sobrepostos renegados
Que nem na soma se afirmam
A queda é livre, livre, livre!
E é isso que é tão bom, tão furiosamente bom
Que automaticamente ficamos redimidos da inconstância
Nada nos prende, sujeitos sem palavra
Na promiscuidade de fabulosas verborreias
Com todo o léxico, toda a gramática
A subverter ingénuas orações que se amansam
Que oferecem os préstimos sem questionar
Sem pedir que as subscrevamos na doença, na tristeza, e nem no resto das nossas vidas