sábado, dezembro 31, 2005

Paraísos acrónicos

Serão oito horas no ano de ninguém.

O melhor de dois mundos, aqui, ainda é ser chão para a poeira de ontem suspensa no nevoeiro dos primeiros dias, sempre renovados. Amanhã não será excepção.

quinta-feira, dezembro 29, 2005

If you wanna see the future, go stare into a cloud!

O melhor de 2006: estar por vir.

quarta-feira, dezembro 28, 2005



olhos de ver

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Lyrics Fool

"I´m discontented with homes that I´ve rented
so I have invented my own"...


olhos de ver

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Correio: a noite que era de Natal

Chegou hoje, por via aérea, uma festa mansa no cabelo, da tua mão larga e curta, apaziguadora.

Casa: a noite que era de Natal

O Natal tem uma só morada,
uma rua em calçada que desce, junto ao portão,
um limoeiro de canteiro,
telhados vermelhos, na sala, uma lareira apagada,
lugares certos à mesa,
um sol que morre na cozinha e nasce nos quartos,
um cão que dorme sobre o tapete, à entrada,
uma chaminé antiga frente ao terraço, com cegonhas que nunca partem,
tem sempre flores nos vasos,
e na cozinha a última luz, de presença, para o último que chegar.

Dickens: a noite que era de Natal

Vou acendendo um fósforo atrás do outro...

Há um ano: a noite que era de Natal



olhos de ver

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Solstício: a noite que era de Natal

E a promessa das noites sempre minguantes.

Pesca à linha: a noite que era de Natal



olhos de ver

quarta-feira, dezembro 21, 2005

Desvios por milésima

Ao cuidado de fulano de tal,

Aparentemente, "também".

Nothing gets crossed out...

Ao descuido de fulano de tal,

Por estes dias, a lista dos afazeres incumpríveis/incumpridos é a única coisa que consigo escrever.

Lyrics fool: season´s greetings

"It was Christmas Eve babe
in the drunk tank
An old man said to me, won't see another one
And then he sang a song
The Rare Old Mountain Dew
I turned my face away
And dreamed about you..."

domingo, dezembro 18, 2005

...

No final, dizia-lhe ela qualquer coisa como isto: "Não me terias parecido o demónio se antes não te tivesse tomado por um anjo". Em "A Marquesa de M.", Kleist.

Lyrics Fool

"Speeding motorcycle, of my heart...
Speeding motorcycle, let´s be smart..."

sexta-feira, dezembro 16, 2005



olhos de ver

WTO under (over) the table*

Well, there´s much fuss going on about agricultural subsidies and we have to move on with other questions... But the point is that industrial and service markets issue has to be solved, special and differentiated treatment agreement has to be reached, and other questions concerning NAMA… There is no way Less Developed Countries economies can compete in global trade with the barriers that are lifted… (and so on, and so on, he kept talking...)

For sure, but Mr. T. I. (Japanese researcher for fair global trade), what do you think of the Japanese stance on the tariffs for agricultural products?

Oh, under the WTO, many countries are raising that issue, cause Japan has the highest tariffs in agricultural products…
Then people tend to think of Japan as mainly industrial and don´t understand…
But we only have high tariffs for special products such as rice, that are realy high tariffs, like 750 %...
This happens because we see the question in terms of food security – If there´s a war, no country, like India or China, will provide rice for japan… and still, we are now 60% dependent on imports…
On the other hand, we see this as a multifunctional sector… It´s got to do with preservation of a cultural heritage – the mountain farmers´ activities – and also environmental concern… As you see, our agriculture of rice is made in terraces up on the mountains that prevent erosion and floods on the cities whenever there is a typhoon….

But, most of all, the really most compelling argument,... is that we are not able to make sushi out of Indian or Chinese rice!! The whole thing falls apart...


* in Borba veritas.

quarta-feira, dezembro 14, 2005

Living up to the lyrics

The girl has got a house that´s like a caravaaaan...


olhos de ver

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Deutsche lektion: revisao de apontamentos

"Du haben mein augen gefangen.


Kommen du näher."

Heartsweeper

All day echoing the latest passengers' call
kamikaze chest just aiming at your wall
Still, all my left luggage standing in the hall

ou, como quem quer forçar uma aterragem de emergência
GRITADO: tenho uma bomba no peito.
contra a cabine hermética, contra a atmosfera selada, contra-ataque

algo que nos projecte na altitude rarefeita
a queda, antes, que esperar o fim da viagem

Nunca fui paciente, nunca esperei tanto
Isto é detonação controlada

domingo, dezembro 11, 2005



olhos de ver

Da vida em BD

" Oui, nous sommes fous mais le monde est beau parce qu'il est varié... "

(Corto à Caïn, Les Celtiques)

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Another Sunny Day

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Lyrics Fool: I better be quiet now

"wish you gave me a number
wish i could call you today,
just to hear a voice.
i got a long way to go
getting further away.

if i didn't know the difference,
living alone would probably be ok.
it wouldn't be lonely.
i got a long way to go
getting further away.

a lot of hours to occupy it was easy
when i didn't know you yet,
things i'd have to forget.

but i better be quiet now,
i'm tired of wasting my breath
carrying on, getting upset.

maybe i have a problem,
but thats not what i wanted to say.
i prefer to say nothing.
i got a long way to go
getting further away.

had a dream as an army man with an order
just to march in my place
but a dead enemy
screams in my face

but i better be quiet now,
i'm tired of wasting my breath
carrying on, not over it yet.

wish i knew what you were doing.
why you want to do it this way.
so i can't go the distance,
i got a long way to go,
i'm getting further away.
i got a long way to go
getting further away"

Elliott Smith

Um mês: vida precária



olhos de ver

quarta-feira, dezembro 07, 2005

Furta palavras

"Semeia o que calou.
Não faz sentido quem lavra
Se o não colhe do que amou."

Vitorino Nemésio, A Árvore do Silêncio

O meu rio



olhos de ver

domingo, dezembro 04, 2005

Pratt corrompido

Foi afinal ela um dia que trocou a ilha pelo mar salgado. Ele contava ao longe que já sentia a calmaria, a casa, as amarras. No regresso, escondida, sem uma despedida, tinha medo. Abandonou o cais, rodando a cabeça sobre os ombros mais do que uma vez. Devia ser noite já bem cerrada quando desfez a vela no mastro e deu as primeiras braçadas, escapando à enseada, ao abrigo incerto da espera. Ainda se ouviu o chapinhar na água, mas ela partia muda, a sentir-se clandestina como numa fuga planeada. Nas janelas iluminadas das casas pequenas, podia quase adivinhar-se-lhe a silhueta de recém-chegado, pousando as malas. Ela podia ter batido a uma porta qualquer, perguntado por ele. Antes corria a perguntar a quem fosse se ele voltaria, que o peito oprimia contra o longo tecer das mantas, desmanchadas de novo quando vinha a tardinha. Levou muito tempo até crer que o sal do mar também mata a sede. E já se sentia capaz de fazer viagem. Na partida, calou, e ele devia saber que esse era o som mais bonito a toar nessa noite.

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Prosseguindo...

"It's fun to be on Cold Mountain Road,
yet it has no tracks of horses and carts.

Valley joins valley, bends past recall,
bluff upon bluff, too many to count.

A thousand different plants with tears of dew,
but pines all the same, moaning in the wind.

When you lose the path at a moment like this,
shape asks shadow: "Which way do I go?"

*

Someone asked me the way to Cold Mountain -
to Cold Mountain no road goes through.

The ice does not melt on summer's days,
when sun comes out, the fog there glows.

How did someone like me get there? -
my heart is not at all like yours.

If your heart were just like mine,
then you could get there right away."


Li Bo, Han-Shan: The Master of Cold Mountain