sábado, janeiro 28, 2006

“Não sei, talvez”, dito, assim, contra a vontade, a entaramelar a língua, a saber que não e a acrescer de mil pontos finais reticentes só para zunir no fim da frase, como quem lança “diz-me tu”...
Resposta não veio. Só um ruído de fundo, do eléctrico descendente no sentido dos Prazeres. Não, o mais bonito não é este. Essoutro fica na Bica, chegou ele a dizer, muito antes, muito antes, mas só à distancia de meia mão de palavras, que grande parte do tempo era mudo.
Ou, pelo menos, assim recordava. Talvez acabasse por trocar os eléctricos, elevadores, e as datas.

Um livro que encetei e larguei trazia a páginas poucas que o autor escrevia mil palavras por dia e tinha disciplina rigorosa. Assim escreveu muitos livros, livros que até já são filmes! Era um livro de uma biblioteca de rapaz, cheio de criaturas e referências científicas muito verosímeis, garantia o autor que pedi emprestado. Não o pedi exactamente, pedi um livro, porque era cedo e ia para casa só. Eu, com este pedaço escrito, já teria a minha cota de disciplina. Assim, não precisaria de contar que pedi um livro como quem procura um corrimão quando está a descer sem equilíbrio e não se atreve a apoiar-se no braço de quem segue ao lado. Acaba por desabar em trambolhões e vê-se a contragosto a ser içado pelo braço desprezado. Sente o seu peso erguido do chão e não é muito, é quase nada afinal para quem é tão forte...