quinta-feira, março 24, 2005

Via Schipol

Como sempre, acabo por chegar à conclusão que adoro o silêncio. Das teclas. Nada a declarar, longamente.

A menos que... diga que... adoro poder fazer tudo quanto posso, poder bastante, mas lamentavelmente haver muito que me ultrapasse. É caso para não poder esperar um ano, ou mais. Para me sentir arrastada pelos cabelos por uma coisa que eu acho que já não se sente, hoje.

Que pena. Ser tão bem educada para tanta coisa, mas faltar-me a formação para o amor. Invencível coração. Se não me arrebata, ainda que lembre os canais, e o gelo, e a neve que caía no dia da partida, e eu levava a certeza já comigo, via Schipol, não... não é isto. Já foi há mais de um ano.

Nunca mais se alvoraçou, me atropelou os pensamentos, este magno, frio e decidido coração. Quer solidão. Mesmo que na ilha escondida, mesmo que a imaginar heróicas imagens de BD com encarnações ridículas... Como a do marinheiro, meio pirata, meio vagabundo, meio salvador, que é um tipo, um tipo como tu...

Queria sentir o rebate, a guina guinada aguda aguçada as mágoas e as borboletas. Ficar louca, mouca, pouca para tanto mar, maré, marinheiro, e seguir, insuflar o ventre e o coração para a vela, vento, proa da tua embarcação.
Mas sigo inerte, dura, aqui não há coração...