quinta-feira, agosto 04, 2005

Barulho

Lá ao fundo, a noite a arder
Há quem assim abra clareiras
de um fósforo, porque quer
E tu tens lume?

Aqui mesmo
Na copa das árvores que assombram quando o vento é forte
- hoje só sussurram –
as corujas ensaiam voos picados
São três
apanham ratos
E tu percorres a noite sem bulício?

Lá em baixo, as automotoras
Também não fazem silêncio.
Abafam latidos
Atrelam cargas
E a esta hora os passageiros, se os houver, são clandestinos
De resto, os maquinistas, julgando-se sós, decerto também assobiam
E tu continuas furtivo a escutar os ruídos?

Eu, junto à janela
Rodo a pedra do isqueiro
E espero que o barulho te acorde.